Resumen
Doenças negligenciadas afetam notoriamente populações vulneráveis, especialmente em regiões como o sul cearense. Assim, o presente trabalho objetiva analisar as evidências disponíveis sobre as principais doenças negligenciadas no sul do Ceará, com foco na hanseníase, doença de Chagas, leishmaniose e esquistossomose. Realizou-se uma revisão narrativa da literatura em bases de dados como PubMed, Scopus e Web of Science, com foco em estudos dos últimos 10 anos revisados por pares. Os critérios de inclusão priorizaram pesquisas relacionadas às doenças negligenciadas no sul do Ceará, excluindo estudos fora dessa temática. Observou-se forte prevalência das quatro doenças alvo da pesquisa em questão: hanseníase, que permanece endêmica em áreas rurais, exacerbada pela falta de saneamento básico e acesso limitado a tratamentos; doença de Chagas, no qual, apesar de esforços de controle, persiste em regiões com moradias inadequadas e controle vetorial insuficiente; leishmaniose, tanto cutânea quanto visceral, que afeta populações vulneráveis devido à ineficiência das estratégias de controle de reservatórios animais e vetores; e esquistossomose, que encontra terreno propício em áreas com corpos d’água contaminados. Avanços diagnósticos, como testes moleculares, e terapêuticos, como a poliquimioterapia para hanseníase e novos medicamentos para leishmaniose, têm sido promissores, mas são insuficientes para erradicar as doenças sem melhorias nas condições socioambientais. Em suma, o estudo destaca a persistência das doenças negligenciadas no sul do Ceará, reforçando a necessidade de políticas públicas integradas que abordem não apenas o diagnóstico e o tratamento, mas também os determinantes sociais da saúde. Melhorias no saneamento básico, campanhas de conscientização e o fortalecimento das políticas de saúde pública são essenciais para mitigar a propagação dessas enfermidades.
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