Resumo
As luas geladas do Sistema Solar, como Europa, Encélado, Titã e Ganimedes, têm sido alvo de intenso interesse científico devido à presença confirmada ou potencial de oceanos subsuperficiais em interação com núcleos rochosos. Este artigo apresenta uma revisão de literatura sobre a habitabilidade nesses ambientes, com foco na analogia com os ecossistemas hidrotermais profundos da Terra, onde a vida se sustenta por quimiossíntese, independentemente da luz solar. A metodologia baseou-se na busca sistematizada de artigos científicos nas bases PubMed, ScienceDirect, Scopus e outras, com ênfase em estudos publicados entre 2017 e 2025. Foram selecionados nove artigos principais que abordam, de forma interdisciplinar, aspectos geoquímicos, microbiológicos, térmicos e astrobiológicos. Os resultados indicam que oceanos internos podem manter estabilidade térmica mesmo com pouco ou nenhum aquecimento por maré, e que os fluxos de calor e as plumas superficiais podem ser acessados por futuras missões com sondas miniaturizadas. Conclui-se que os mundos gelados não apenas oferecem condições plausíveis para a vida microbiana, mas também oportunidades práticas de investigação direta, desde que se observem protocolos rigorosos de proteção planetária. A convergência entre ciência planetária, geofísica e microbiologia extrema reforça o valor da astrobiologia como campo integrador na busca por vida fora da Terra.