Resumo
Os defeitos do fechamento do tubo neural (DTNs) ocorrem por uma falha na fusão reabertura de uma região do tubo neural após seu fechamento, por volta da quarta semana de embriogênese. Este trabalho tem como objetivo analisar dados epidemiológicos sobre a espinha bífida em Santa Catarina (SC) e no Rio Grande do Sul (RS), almejando traçar estratégias de melhorias no atendimento dos pacientes com DTNs. Consiste em um estudo epidemiológico descritivo, cujos dados foram extraídos do Sistema de Identificação de Nascidos Vivos (SINASC), da plataforma DataSUS. Foram selecionadas duas cidades de cada estado, baseado em seus Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) similares. Os dados foram tabulados e analisados em forma percentual. No período de 2012 e 2022, foram notificados 663 casos de espinha bífida em Santa Catarina (37,71%) e Rio Grande do Sul (62,29%). Porto Alegre foi a cidade com o maior número de casos no RS (54,48%) e Florianópolis em SC (37,6%). A maioria dos partos foi por cesariana, representando 86,27% no total sendo 91,6% em SC e 83,05% no RS. Quanto à raça materna, houve prevalência da branca: 86,8% em SC e 78,45% no RS. Florianópolis registrou 34,4% de mães brancas entre os casos, enquanto Porto Alegre teve 42,62%. A distribuição desigual dos casos é influenciada pela centralização dos serviços de saúde, práticas obstétricas predominantes e desigualdades no acesso à saúde, evidenciando a necessidade de políticas públicas que promovam equidade e conscientização em saúde para prevenção da condição. Portanto, expõe-se as altas taxas de cesárea (acima de 80%) e predominância de mães brancas, ressaltando a necessidade de políticas públicas preventivas, acesso a terapias especializadas e estratégias considerando aspectos clínicos e sociais.
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