Óbitos por Policitemia Vera: 2000 a 2023 no Brasil

Publicado 2025-08-06

  • Sofia Cruzes Moysés Simão
  • ,
  • Bruno Michael Santos Romera
  • ,
  • Matheus Shimohirao
  • ,
  • Igor Andrey Pinheiro Sidonio
  • ,
  • Marcos Vinícius Signori Hashimoto
  • ,
  • Sarah Vitoria Braga Fernandes
  • ,
  • Ligia Luana Freire da Silva


PDF

Palavras-chave: Policitemia, Policitemia Vera, Monitoramento Epidemiológico

Resumo

Introdução: A Policitemia Vera é uma doença hematológica rara e crônica, que faz parte do grupo das neoplasias mieloproliferativas. É definida pela hiperprodução de células sanguíneas, sobretudo glóbulos vermelhos, o que leva a um aumento da viscosidade sanguínea e consequente elevação do risco de complicações graves, como tromboses e acidentes vasculares cerebrais. Apesar de tratável, os óbitos por esta condição geralmente decorrem de eventos tromboembólicos ou pela progressão da doença para formas mais graves, como mielofibrose ou leucemia mieloide aguda. A mortalidade é influenciada por fatores como idade, presença de mutações genéticas e de complicações prévias, o que evidencia a importância do diagnóstico precoce e do manejo adequado a fim de prolongar a sobrevida e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Objetivos: O objetivo do presente trabalho foi realizar o levantamento epidemiológico acerca dos óbitos por policitemia vera, no Brasil, entre os anos de 2000 a 2023. Metodologia: O presente estudo trata-se de um estudo epidemiológico ecológico, descritivo, transversal e retrospectivo. Os dados foram coletados a respeito dos casos novos notificados no Sistema de Informação de Mortalidade (SIM), acerca dos óbitos por policitemia vera (CID D45), no Brasil, entre os anos de 2000 a 2023, os quais encontram-se disponíveis no banco de dados online do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis coletadas e estudadas foram: região, ano, faixa etária e raça. Resultados: No período analisado houve 1.179 óbitos devido a Policitemia Vera no Brasil. Os óbitos foram divididos nas seguintes regiões: 1) Região Norte: 46 (3,9%), 2) Região Nordeste: 218 (18,5%), 3) Região Sudeste: 607 (51,5%), 4) Região Sul: 238 (20,2%) e 5) Região Centro-Oeste: 70 (5,9%). A distribuição anua dos óbitos se deu: 2000: 23 (1,95%). 2001: 42 (3,56%). 2002: 25 (2,12%). 2003: 31 (2,63%). 2004: 45 (3,82%). 2005: 35 (2,97%). 2006: 42 (3,56%). 2007: 55 (4,67%). 2008: 45 (3,82%). 2009: 40 (3,39%). 2010: 58 (4,92%). 2011: 40 (3,39%). 2012: 42 (3,56%). 2013: 48 (4,07%). 2014: 51 (4,33%). 2015: 59 (5,00%). 2016: 59 (5,00%). 2017: 50 (4,24%). 2018: 74 (6,28%). 2019: 56 (4,75%). 2020: 60 (5,09%). 2021: 63 (5,34%). 2022: 61 (5,17%). 2023: 75 (6,36%). Menor 1 ano: 4 (0,34%). 1 a 4 anos: 3 (0,25%). 5 a 9 anos: 4 (0,34%). 10 a 14 anos: 5 (0,42%). 15 a 19 anos: 5 (0,42%). 20 a 29 anos: 13 (1,10%). 30 a 39 anos: 23 (1,95%). 40 a 49 anos: 65 (5,51%). 50 a 59 anos: 122 (10,35%). 60 a 69 anos: 206 (17,47%). 70 a 79 anos: 344 (29,19%). 80 anos e mais: 385 (32,66%). Os óbitos foram divididos nos seguintes sexos: 1) masculino: 570 (48,3%) e 2) feminino: 609 (51,3%). A distribuição racial se deu: 1) branca: 785 (66,6%), 2) preta: 46 (3,9%), 3) amarela: 4 (0,3%), 4) parda: 291 (24,7%), 5) indígena: 1 (0,1%) e 6) ignorado: 52 (4,4%). Conclusão: A análise dos óbitos por Policitemia Vera no Brasil entre 2000 e 2023 evidenciou que a doença, apesar de rara, apresenta impacto significativo na mortalidade, especialmente em idosos. A maior concentração de óbitos em regiões mais desenvolvidas pode estar relacionada a um melhor acesso ao diagnóstico, enquanto a distribuição por sexo e raça levanta questões sobre desigualdades no cuidado em saúde. A progressão da doença e suas complicações, como tromboses e transformação para neoplasias mais agressivas, reforçam a importância do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e da vigilância epidemiológica contínua para reduzir a mortalidade e melhorar o prognóstico dos pacientes acometidos.


Referências

  1. BARBUI, T. et al. Practice-relevant revision of WHO diagnostic criteria for polycythemia vera. American Journal of Hematology, v. 93, n. 2, p. 319–321, 2018. DOI: https://doi.org/10.1002/ajh.24995.
  2. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2023. Disponível em: https://www.inca.gov.br. Acesso em: 20 jul. 2025.
  3. MARCHIOLI, R. et al. Cytoreduction and thrombosis prevention in polycythemia vera: the CYTO-PV study. New England Journal of Medicine, v. 368, n. 1, p. 22–33, 2013. DOI: https://doi.org/10.1056/NEJMoa1208500.
  4. TEFFERI, A. Polycythemia vera and essential thrombocythemia: 2021 update on diagnosis, risk‐stratification and management. American Journal of Hematology, v. 96, n. 1, p. 44–59, 2021. DOI: https://doi.org/10.1002/ajh.26020.
  5. TEFFERI, A.; VAINCHSTEIN, J. How I treat polycythemia vera and essential thrombocythemia. Blood, v. 139, n. 17, p. 2601–2613, 2022. DOI: https://doi.org/10.1182/blood.2021012750.

Como Citar

Simão, S. C. M., Romera, B. M. S., Shimohirao, M., Sidonio, I. A. P., Hashimoto, M. V. S., Fernandes, S. V. B., & Silva, L. L. F. da. (2025). Óbitos por Policitemia Vera: 2000 a 2023 no Brasil. Brazilian Journal of Biological Sciences, 12(27), e506. https://doi.org/10.21472/bjbs.v12n27-013

Baixar Citação

Palavras-chave

Edição Atual