Resumo
A degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é uma das principais causas de perda visual central irreversível em idosos, com grande impacto funcional e social. Apesar da eficácia dos agentes antiangiogênicos (anti-VEGF) no tratamento da forma neovascular da doença, observa-se uma ampla variabilidade na resposta entre os pacientes. Diante desse cenário, o presente estudo teve como objetivo investigar a associação entre variantes genéticas específicas e a resposta clínica ao tratamento com anti-VEGF em pacientes com DMRI neovascular. Trata-se de um estudo observacional, analítico e prospectivo, realizado com 96 pacientes acompanhados durante 12 meses. A genotipagem foi realizada por PCR em tempo real para identificar polimorfismos nos genes CFH, ARMS2, VEGFA e C3, previamente relacionados à DMRI. A resposta ao tratamento foi avaliada com base na variação da acuidade visual (letras ETDRS) e nos achados tomográficos. Os resultados indicaram associação significativa entre o genótipo de risco homozigoto CFH (CC) e menor ganho visual, bem como entre o genótipo ARMS2 (TT) e maior persistência de fluido retiniano. Não foram observadas associações significativas com os polimorfismos de VEGFA e C3. Os achados reforçam o papel dos biomarcadores genéticos como potenciais preditores de resposta terapêutica, contribuindo para o avanço da medicina personalizada em oftalmologia. Conclui-se que o estudo atingiu seus objetivos ao demonstrar que os perfis genéticos podem influenciar os desfechos do tratamento da DMRI.
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